Octaciano Neto


Artigo
01/10/2009, 8:51
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Por Antonio Marcus Machado
Economista e professor universitário

O Prefeito Neucimar Fraga poderá fazer diferença nas próximas eleições, dependendo do lado para o qual ele pender. Sabe-se que ele recebeu apoio explícito de Luiz Paulo e Magno Malta, alem de outras personalidades políticas, mas em período de eleições as articulações recomeçam. No Brasil a fidelidade política é um patrimônio dilapidado. A sua história ganha até do clássico “O Diário de Frankenstein” comentado pelo reverendo Venables. Em nosso processo eleitoral os eleitos são recomposições genéticas do organismo político partidário. Na história frankesnteiniana o cientista acaba destruído pelo monstro que criou. Viktor perde para o satanismo da época, assim como a ciência.

As eleições na Alemanha, semana passada, demonstraram a essência das convicções políticas tradicionais em que os arranjos políticos não se realizam sem uma lógica preponderante. Lá a União Democrática Cristã aliou-se a um opositor de longos 11 anos, o Partido Liberal Democrata. Ângela Merkel está mais forte do que nunca, mas manteve coerência em sua aliança ao continuar se opondo aos Sociais Democratas, ou estes a ela.  No parlamento, os perdedores anunciaram uma oposição dura e respeitosa, mantendo suas convicções. Do mesmo modo, nos EUA, os republicanos exigem de Obama o melhor de si. Isso se chama democracia. Aqui, tudo é possível e o monstro que isso criou se chama governabilidade: PT, PMDB, PSB e outros tudo em um saco só.

E é em nome dela que nosso presidente se associa a Sarney e Collor; que ele apóia equivocadamente Zelaya, em Honduras; que aparelha a maquina estatal que amplia os tentáculos do Estado, criticando a “supply side economics”.  A governabilidade lhe dá alta popularidade e esta lhe oferece uma blindagem às críticas e oposições que se manifestarem. Quando não são ironizados por metáforas populares os formadores de opinião que lhe teçam críticas são afastados do poder ou mesmo censurados.

Particularmente, tenho uma grande admiração por Luís Inácio da Silva – um vencedor – mas nem tanto pelo presidente Lula. Luís Inácio é o brasileiro que pode dar certo, que vence sem o Bolsa Família, que tem no trabalho a sua realização social, que lidera mesmo sendo humilde e de berço pobre. Que não teve acesso à saúde, à educação e à moradia devida, mas superou esses obstáculos. Que não fez conchavos esdrúxulos até que a governabilidade o seduzisse como agora, quando é Lula, o presidente. Que corre o risco de passar de “o cara” para “o bobo da corte” em nível internacional. Como diria Maugham está sobre o fio da navalha.

Esse, a meu ver, é o desafio de Neucimar. Ter uma linha político-partidária coerente. Não no sentido de materializar esse pensamento em pessoas apenas, mas em idéias e proposições. Naturalmente que alianças políticas que agilizem a governabilidade são importantes, mas desconstruir sua própria identidade não seria recomendável. Já começou muito bem, do ponto de vista da administração da cidade.  Não perde tempo com críticas à gestão anterior, olha para frente e da seqüência aos projetos e idéias já existentes.

Tem um bom Secretário de Desenvolvimento e sua articulação com o Governo do Estado é muito profícua. Neucimar e Paulo, juntos, podem ajudar muito no desenvolvimento de Vila Velha. Contando com uma boa assessoria, iniciou o processo de gestão estratégica, definindo projetos prioritários e meios para viabilizá-los.  Agora sabe aonde ir e como ir até lá. A cidade agradece. As parcerias são produtivas.

Pelos jornais soube que já tem uma agenda internacional e isso é muito importante no cenário pós-crise. Ciclovias, ocupação planejada do eixo sul, ocupação estratégica da Leste-Oeste e outras decisões são muito bem-vindas também. O monitoramento por vídeo câmeras é um bom exemplo de como tratar parcialmente a insegurança. E muitas vezes, as ações são simples, como fez no Parque da Prainha: retirou o desnecessário e fez o paisagismo possível até o momento.

Continuando assim, focado, trabalhador, sem personalismos radicais e sem alianças incoerentes, Neucimar será uma peça fundamental nas próximas eleições. Seu único equívoco substancial até o momento, em minha modesta opinião, é não ter publicizado o resultado do planejamento estratégico em curso. Talvez porque ainda não tenha sido consolidado e concluído. Transparência é fundamental.

Retirado de: http://www.transparenciacapixaba.org.br/artigo-detalhe.aspx?verArtigo=NEUCIMAR


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