Octaciano Neto


Ocupação do Solo, Mobilidade Urbana e os Entraves do Desenvolvimento de Vila Velha
13/10/2009, 10:50
Filed under: Artigos

A ocupação do solo na cidade de Vila Velha tem no Rio Jucu um importante marco. Basicamente a urbanização do município aconteceu (e acontece) ao norte do Rio Jucu e teve nos investimentos em mobilidade urbana os motivos principais para que 80% da população viva em apenas 30% do território municipal. A inauguração do bonde (1912), a Ponte Florentino Ávidos/5 Pontes (1928), a Rodovia Carlos Lindemberg (1951) e a Terceira Ponte (1989) são os principais investimentos viários da história da cidade.

A cidade de Vila Velha tem o 2 º pior PIB Per Capita do nosso Estado e teve um desenvolvimento pífio nas últimas duas décadas, e existem razões reais para tal acontecimento: o sistema viário dependente da nossa capital, a “impossibilidade” de crescimento para o sul do Rio Jucu, a especulação imobiliária e a estrutura fundiária.

Ao longo do século XX todos os investimentos em mobilidade urbana (citados anteriormente) foram pensados para ligar Vila Velha a Vitória. Até o início da construção da Rodovia Leste-Oeste, a lógica da dependência da capital sempre prevaleceu. Um erro histórico, que sentimos no trânsito hoje. Até então, a cidade de Vila Velha é a única cidade do litoral capixaba que não tem ligação direta do seu centro urbano até a BR 101. Este erro está sendo corrigido com a construção da Rodovia Leste-Oeste.

A maior parte da área geográfica (2/3) do município fica ao sul do Rio Jucu. E a dificuldade do desenvolvimento desta região deve-se por 2 motivos: o limite de 15 toneladas no trânsito na Rodovia do Sol e a ocupação desordenada e irresponsável da região da Grande Terra Vermelha.

Além de gerar lucro para alguns poucos investidores, a prática da especulação imobiliária é extremamente prejudicial para as cidades. Por causa dela, os tecidos urbanos tendem a ficar excessivamente rarefeitos em alguns locais e densificados em outros, gerando custos financeiros e sociais. A infra-estrutura, por exemplo, é sobrecarregada em algumas áreas e subutilizada em outras, tornando-se, em ambos os casos, mais cara em relação ao número de pessoas atendidas.

Ao norte do Rio Jucu, uma estrutura fundiária, em geral legítima, mas absurdamente concentrada, contribui muito para que as empresas busquem o interior do ES, pois a especulação imobiliária supervaloriza esta região. Importante ressaltar que alguns advogados estão por trás de maioria destas questões, pois incentivam e tumultuam o mercado imobiliário e o problema sucessório.

Para enfrentar estes problemas, temos que atuar em duas frentes,: sendo uma ao sul do Rio Jucu e outra ao Norte.

Ao sul do Rio Jucu, para conseguirmos efetivar um planejamento urbano adequado e o desenvolvimento sustentável, se faz necessário liberar o limite de peso na Rodovia do Sol, de altos investimentos em infra-estrutura em drenagem, saneamento básico, educação e saúde na Região da Grande Terra Vermelha, que é estigmatizada e simbolicamente (e erradamente) é vista como um conjunto de bairros que impedem o crescimento desta região e a construção da Rodovia do Comércio Exterior, que consiste basicamente na pavimentação da ES – 388 e a ligação desta com a Rodovia Darly Santos, através da construção de uma nova ponte sobre o Rio Jucu.  A Rodovia do Comércio Exterior diminuirá a valorização imobiliária das áreas que ficam no entorno do bairro Vale Encantado (aproximadamente 12 milhões de m2).

Ao norte do Rio Jucu, precisamos implantar o IPTU Progressivo nas terras vazias ao entorno da Rodovia Carlos Lindemberg, da Darly Santos e Leste-Oeste, e até a desapropriação das áreas que não cumpram o seu papel social .

Com estas ações, conseguiremos criar diversos Polos Empresarias em nossa cidade ainda no ano de 2010, em uma área superior a 2 milhões de m2, o que permitiria a implantação de mais de 3000 empresas, além da geração de mais de 15000 empregos. Além do mais, criaremos espaço para que a indústria da construção civil consiga implantar milhares de residências dentro do Programa “Minha Casa, Minha Vida”, lançado recentemente pelo Governo Federal.

OCTACIANO NETO